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FATOS

Registro do que aconteceu com o livro
O Terrível Gosmakente


Escrevi a primeira versão da história de Gosmakente no início dos anos de 1990. Nessa ocasião o livro se chamava O Monstro e a Mata, publicado pela FTD. Foi uma obra bem recebida por escolas, leitores e compras de programas governamentais.

Em 2013, publiquei uma versão mais elaborada dessa narrativa já com o título definitivo de O Terrível Gosmakente, publicação da Editora Paulinas, obra apresentada e lançada com destaque em catálogo e stand na Feira de Frankfurt, Alemanha. Edição igualmente muito bem recebida pelo público leitor, adotada em escolas que visitei, conversei com estudantes e professores.

Em síntese trata-se de uma fabula de feitio humanista que se opõe ao desmatamento e à destruição da floresta Amazônica.

Acontece que neste ano de 2019, seis anos após à primeira edição do livro nas Paulinas, uma única suposta mãe de estudante de uma escola, que nunca pude saber qual é, escreveu irada carta à editora protestando contra a publicação de O Terrível Gosmakente.

Alegou que a obra trazia informações inadequadas para os jovens leitores do ensino Fundamental, já de início por criticar o desmatamento da Amazônia, no caso, atribuído à ganância e à cumplicidade de maus fazendeiros, maus garimpeiros e maus militares, também por denunciar a violência – torturas e assassinatos – de parte desses poderosos contra a população local... por sinal fatos evidentes que o mundo inteiro não ignora e sabe com detalhes, pois toda a mídia nacional e estrangeira está sempre anunciando e denunciando tais procedimentos criminosos.

Suponho que, devido ao atual ambiente político conservador, autoritário e repressivo dominante na República, as freiras da editora se assustaram com a contestação da suposta mãe e por isso, temerosas, às pressas tiraram o livro do catálogo de vendas e me passaram um inesperado documento de distrato para assinar.

Constatei, perplexo, que a editora agia em desacordo com a posição combativa do Papa Francisco, sempre vigoroso defensor da preservação da floresta Amazônica, aliás com lúcidos argumentos humanistas bastante similares aos de minha narrativa.

Com justa ponderação, em cartas às freiras lembrei o histórico pacífico e bem sucedido do livro, defendi o seu conteúdo apresentando pareceres favoráveis à sua qualidade, textos de autoria de reconhecidos estudiosos com notório saber, inclusive um longo parecer de um ilustre assessor do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Pareceres técnicos que exaltaram as boas qualidades literária e pedagógica de O Terrível Gosmakente. Empenho em vão que nada significou para a editora. O livro foi retirado de catálogo e tive de assinar o distrato apresentado.

No acerto desse distrato recebo em espécie dez por cento dos exemplares da restante tiragem da obra. Os demais volumes da edição ficaram em poder da editora.Não faço ideia que destino terão. Temo que, fora de catálogo, sejam destruídos, picotados ou queimados.

Com o distrato torno a ter comigo a posse plena dos direitos de O Terrível Gosmakente. Claro que vou republicar o livro numa outra editora.

De todo modo é no mínimo lamentável e preocupante essa crescente patrulha ideológica criminosa, essa censura inconstitucional que, volta e meia, atualmente interfere e perturba a liberdade de expressão, de criação, publicação e circulação de nossa Literatura. Inaceitável procedimento ilegal de mentalidades atrasadas, tacanhas, intolerantes e violentas, irados filhotes do período político autoritário em que vivemos, tempo de trevas na República, madrasta história.

José Arrabal
Outubro/2019



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