O NARRADOR - Parte III
ele deixa a cidade cavalgando em
dois cavalos vermelho e negro um pé em cada sela, não mais feito duas fotos que
se perpassam, indo em cavalgada pelas ruas de todas as suas intimidades
percorrendo avenidas, atravessando becos banhado nos banheiros se alastrando
pelos quartos saltando os muros pegando estrada:
o povo da cidade deixando a praça
de volta para casa, cada pessoa de si para si mesmo uma olhada com olhar assim
de nada, a semente dele pela praça germinada nele indo por encontrar o
perpassar do deixa acontecer de um dia proutro dia noutro dia, o que mesmo ele
queria,
sendo a pergunta de todo dia do
povo lá da cidade só levantando questões numerando profissões demarcando
pensamentos, até os que, por falta do que fazer, sem respostas pras perguntas,
logo vão pedindo monumentos por todo o acontecido no coitando dos coitados,
todos querendo saber o que ele viera fazer
e na vadiagem da esquina só um
velho, o mais velho dos velhos lá do lugar, enraivecido com tamanha estupidez
não suportando o impasse olhando por seu relógio gritando feito um possesso
para todos esclarecer diz e diz mais diz e diz:
o que ele só quis, com a vinda no
cavalgar, foi mesmo contar história trocando a cor dos cavalos: e a cidade
então vivendo como tal e dividida no bem e no mal perdida,
ele nunca esperando mudanças de
histórias dele qualquer coisa se não nele além do que mais lhe dar o prazer de
cavalgar lavando as sombras saltando pedras cortando estradas
até outra e mais outra estrada
indo contando histórias de todas as lendas tristes da história carnificina,
assim, em seu cavalgar, indo por se encontrar nos sabores do prazer desse gosto
de narrar...
Com fraterno abraço,
J. A.
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